Omagio a Eikoh Hosoe, de Cicchine

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

De acordar

E assim amanheceu o dia
Com aquela cara suada de
Mais um dia como o outro.
E como é que o anterior havia sido?

Olhou na cama, os olhos semicerrados
O quarto ainda estava escuro,
Cortinas fechadas, sem luz.
Poderia fingir que era madrugada.

O gato miou, queria sair.
Ela não queria, mas devia.
Realidade, bom dia – gritou
Da janela escancarada.

Ninguém respondeu, provavelmente
Porque ninguém ouviu ou então,
Porque ela não gritou,
Sonhou que gritava.

Depois de sonhar que amanhecia.
Desejou dormir para sempre
E nunca mais sonhar,
Porque sonho escuro é pesadelo.