Omagio a Eikoh Hosoe, de Cicchine

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Poema do amor eterno


Que amor é esse, adorela?
Que não desapega,
Que não acaba,
Que tanto faz doer?

Que amor é esse, pequena sonhadora?
Que em tão tenra idade nasceu e
Parece que permanecerá
Até a velhice (de ambos).

Que amor é esse, medrosa?
Que agora tem medo de contar
A ele, de gritar ao mundo,
Que você finge que não tem.

Que amor é esse, dona do mundo?
Que parece calmaria,
Mas é vento rugindo nas
Folhas que dormiam.

Que amor é esse, senhorita?
Que da beleza faz-te bela,
Da tristeza faz-te lágrimas
E parece não haver alegria?

Ah, esqueça desse negócio de amor!
O amor lhe é um só e não há
Lugar para outro e ponto.
Fique a esperar, tola.

domingo, 5 de setembro de 2010

Sexta-feira 13

O dia deu em chuvoso.
Era sexta-feira treze.
Dia de todos os monstros.
Dia de toda a minha vida.

Havia tranqüilidade no falar,
Beleza no ouvir,
Calma (muita) no pensar.
Ele não veio.

Passei a noite esperando
O gato preto.
Esperando o amor,
Esperando o viver.

Ninguém veio!
Ninguém apareceu!
Sabe por quê?
Todo mundo tem medo desse dia!

Descolorido

Há dias e mais dias na vida
Empilhados um sobre o outro.
Cheios de tempo e da falta dele.

Insensíveis e indizíveis pessoas
Vão e vêm sem ver as cores dos dias.
Tristeza e lágrimas entre dias cinza.

Desesperança, lentidão, inércia,
Descontrole, depressão, lágrimas,
Não compreende que tua tristeza me aflige?

Falta-me beleza por motivos óbvios.
A alma, antes tão bela, agora
Padece sem colorido algum.

Amarga, gélida, sem vida alguma
E os dias, nestes dias descoloridos,
Não passam. Sobra tempo

Para quem não o quer.
Andar por ruas cheias de gente vazia
É tão mecânico e sem sentimentos
Pernas trêmulas de ansiedade,

Olhos perdidos de tristeza,
Ouvidos cerrados de cólera.
Não parece haver solução.

A procura, há dias já procurou
E não encontrando, surtou.
Teve dias de desamor, e mais dias sem futuro.

Caos

Estranhamentos na noite calma.
Confirmações na noite caótica.
Propaga-se no ar o caos mundando
Com toda a sua desorganização.

A lua alaranja-se e o frio
Dissemina-se já definhando,
Pois dali a horas o sol renascerá.
Renascerão também os medos diurnos.

Em contraponto ao enterro dos medos noturnos.
Fantasmas pensamentos povoam a mente.
Desesperada, a cabeça não pára,
Fervilhando sentimentos, sonhos, dores.

O escuro deixa a luz interior
Mostrar-se e tudo é mais bem sentido.
A alegria exubera-se
E as dores são dolorosas em extremo.

As estrelas, distantes e frias, pela noite
Parecem não notar todo o caos interior
Florescendo como rosas
Em primeiro botão na primavera. 

Do mesmo sonho

Sonhei com você.
Árvores estranhas.
Beijos iguais.
Sim, sonhei com você.

Gosto de morango.
Céu de estrelas.
Grama tão verde.
Sim, sonhei com você.

Arrepio a noite.
Arrepio ao acordar.
Arrepio pelo corpo (todo).
Sim, sonhei com você.

Sorriso bobo.
Olhos brilhantes.
Acordei após um sonho.
Sim, sonhei com você.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Pra comer amor

O amor nasceu
Lá no fundo do meu quintal
Em forma de fruta doce
Em forma de caju da estação.

Vermelha de desejo
Com cheiro de bem querer
E gosto do mais sublime
Amar e dar amor.

Será destruição colher do amor?
Será pecado imperdoável, Eva?
Comer do amor é pra sempre amar?
Ou amor só se come uma vez?

Comi mais de um amor,
Mas só uma vez foi tão lindo,
Tão doce, tão cheiroso.
Amor comido escassa, então?